terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Mudando comportamento

Não é novidade para ninguém que sou telespectador, assisto a alguns programas televisivos como jornais locais e nacionais, algumas cenas de novelas (não acompanho nenhuma) e aos programas domingueiros. Sempre saltando de canal em canal. Não tenho TV por assinatura e nem pretendo, não me faz falta.
Pois bem, a postagem de hoje é justamente em decorrência de uma reflexão sobre um desses programas de televisão, mais precisamente sobre os quadros específicos que mostram uma pessoa ou uma família em situação de miséria, procurando sensibilizar o público telespectador. Isso acontece tanto em programas exibidos em rede nacional como na programação local - neste caso, nos telejornais que vão ao ar ao meio-dia.
São casos que realmente chocam as pessoas mais sensíveis de coração, pela situação em si e pelo folheado do clima de comoção que os produtores de plantão fazem questão de compor - trilha sonora, repórter com voz macia, enfim toda uma produção que envolve e emocia aos que assistem. São pessoas idosas, abandonadas ou não, que estão sendo cuidadas com precariedade e com a ajuda de terceiros (vizinhos, amigos, etc). Geralmente em busca de uma cadeira de rodas, cadeira de banho, alimentos e outras necessidades básicas. Outras vezes necessitando de cuidados médicos.
O que me motivou a escrever sobre este assunto foi o fato de saber que um minuto de exibição na televisão custa uma grana considerável, principalmente nos horários nobres, para fazer um questionamento: qual é o real interesse da produção de tais quadros? Se fosse para garantir realmente o atendimento àquela pessoa ali exposta, certamente existem inúmeras outras formas de fazer.
A crítica vale quando é construtiva, quando se pretende atingir o mesmo objetivo, porém, usando outra medologia.
Quero crer que as minhas palavras estejam sendo enquadradas nesse contexto, da sugestão de modificar a forma de fazer, para melhor fazer e chegar a resultados, quiçá, bem mais e melhores. Por exemplo, com o mesmo tempo de exibição de um caso ou de outro (são específicos cada caso) pode ser exibido o trabalho de alguma entidade filantrópica, de uma ONG qualquer ou mesmo da rede pública com as suas secretarias municipais para assistência médica e social. Com certeza estaria fazendo o mesmo trabalho social, porém com o cunho de utilidade pública. Boa parte da população, muitas vezes, carece de informações precisas sobre os seus direitos de cidadão. Onde buscar este ou aquele serviço que lhe garanta o exercício do que chamamos de cidadania. Óculos, próteses, cadeiras de roda ou de banho, assistência médica ambulatorial e hospitalar e até mesmo sepultamentos são bens ou serviços que são prestados, por força de lei, aos desprovidos de posses. E mecanismos de controle social existem, como as curadorias, tanto da infância quanto do idoso, para cuidar que essas pessoas tenham acesso de forma indicriminada e sem atravessadores a esses serviços. E os produtores desses programas televisivos sabem disso! Falta-lhes a sensibilidade para promoverem uma mudança no comportamento atual.
Fico com dor dessas pessoas que estão sendo expostas assim, pensando que estão sendo "ajudadas" e na verdade considero que elas estejam sendo exploradas, sendo escancaradas de forma despudorada para garantir a audiência no horário mais do que a satisfação da sua real necessidade.
Aqui fica uma mensagem de apelo, para que me digam se estou errado ou se o caminho é este mesmo. Fica com Deus!

2 comentários:

Anônimo disse...

Iniciativa mega importante meu amigo,parabéns! Também penso que essas pessoas são enganadas e como você disse, muito exploradas. Pouco se faz no sentido de garantir os direitos a estes cidadãos, que infelizmente se encontram em estado de dor e miséria, não conseguindo entender o real objetivo dessas matérias. Abraços, Sirlene.

Edson Leite disse...

É isso, Sirlene! Estamos tentando fazer a nossa parte, as pessoas escolhem o que querem assistir na TV... bom seria se estes produtores repensassem seus quadros...