quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Ajoelhou...

Como disse antes, estou a atravessar mais uma fase crítica desde que iniciei o tratamento há três anos... a coisa pode parecer crítica, mas hoje passei por mais um exame com o proctologista e cada vez mais me convenço que é bastante traumático aquele momento. Porém, da mesma forma acredito que nessa hora não adianta resistir... temos mais é que vencer os tabus e preconceitos e encarar de frente (quero dizer de costas mesmo e ainda por cima ajoelhado) todo o processo.
Eu até já havia esquecido como fora a última consulta quando a assistente do médico indicou aquela mesa de exames... aparentemente deformada... orientando que eu ficasse de joelhos sobre o que parecia ser um batente e com o corpo sobre a parte elevada da mesa... mais ou menos como o sujeito da figura acima! Pediu que eu descesse a calça... Fiz o que ela mandou e senti um pano frio cobrindo as minha partes traseiras, quero dizer a bunda mesmo. Um frio correu pela espinha ao pensar que algo não ia dar certo naquele encontro. Fiquei ali por alguns minutos esperando pelo médico que estava lendo os diversos laudos de biópsias que eu havia levado (se soubesse teria levado bem mais, assim acabaria o tempo da consulta sem a realização do exame). O danado leu tudo e entrou na sala de exames, onde eu já o aguardava (não que o quisesse) mas por força da necessidade.
De repente aquela coisa (a mesa de exames) movimentou-se e eu fiquei ainda mais vulnerável de bunda pra cima, feito foto de anjinho, juro que não queria ter que passar por isso. Mais ainda quando foi solicitado que eu fizesse força como se estivesse no vaso sanitário - um risco muito grande para quem anda com o metabolismo alterado há tempos. Graças aos deuses nada veio junto com a força que empreendi naqueles segundos... só a dor forte da violência do toque.
Alguém pode estar se perguntando qual a razão disso tudo se estou tratando de combater o câncer de fígado? O que tem haver o fígado com o reto? Nada, podemos dizer num primeiro momento. Mas, não é bem assim. Por estar em tratamento quimioterápico o nosso sistema imunológico estar atuando de forma desfavorável e tudo pode acontecer, ou seja, estamos mais suscetíveis a desenvolver outros males, infecções e até outros cânceres nos mais diversos órgãos. Então, diante os últimos acomentimentos que passei fui orientado a procurar o proctologista para investigar a causa dessas intercorrências. Temos que atirar para todos os lados, mesmo que as balas possam acabar acertando o nosso traseiro...
E digo mais, a coisa não acaba aqui... sai de lá com a requisição para fazer outra colonoscopia... e ainda tive que agradecer ao médico! Por ser meu amigo, ele me atendeu sem muito protocolo e o melhor sem espera alguma. Falei com ele ontem pelo celular e hoje já estou medicado, amanhã marcarei a data da colonoscopia a ser realizada no Hospital Samaritano - o mesmo do qual sai diretamente para a UTI do outro hospital vizinho, isso já estar superado e relatado aqui no blog.
Bom pessoal, com certeza estarei postando a evolução dessa conversa de hoje. Até lá, peço que continuem orando ainda mais pelo vosso amigo. Adiantando que a esperança renasce a cada novo dia e acreditando que vamos vencendo cada etapa dessa gincana que é a vida! Que Deus abençõe a tod@s nós! Amém!

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Onde há fumaça, há fogo!

Costumo atender a provocações em todos os sentidos, principalmente quando a provocação é para sair da mesmice ou da aparente estagnação. Esta postagem, por exemplo, encontra inspiração no pedido feito pela Elaine SP para que eu fizesse, pelo menos, um pouco de fumaça, isto é, para que eu desse notícias. E é o que estou fazendo agora!
Na semana passada passei por mais um ciclo de quimioterapia, com previsão de retorno para o próximo dia 06 (terça-feira). O estado geral de saúde não tem sofrido alterações, nem para melhor e nem para pior. Perdura o quadro das visitas ao "quartinho" mais vezes do que eu gostaria que fosse. Já tomei a segunda dose da medicação, a cada 28 dias, entretanto, não consegui ainda me livrar dos constipantes - por vezes, para garantir, são duas doses diárias e mesmo assim volto correndo para casa. Mesmo assim, digo que tenho tido sorte de ainda não ter passado nenhum vexame. Seria lamentável e traumático para a minha pessoa.
Tem outro porém, não posso abusar das medicações e nem da alimentação voltada para prender o intestino, para evitar despertar a hemorróide. Fico entre a cruz e a espada. Prefiro a cruz, por ainda acreditar que tudo tem seu sentido de ser e nada acontece nessa vida por acaso. Claro que ninguém gostaria de estar passando por tudo isso, não sou hipócrita e nem tampouco masoquista. Sou temente a Deus e tenho a esperança de que terei respostas a certas perguntas que não ouso ficar repetindo. Elas virão no tempo e na hora certa!
Neste final de semana contrai resfriado (acho que é gripe mesmo), por essa razão optarei pelo adiamento do ciclo seguinte, ademais não quero passar as festividades natalinas sob efeito dos quimioterápicos.
Bom, esta é a primeira parte da minha postagem de hoje, a segunda refere-se ao artigo citado pelo nosso amigo Edilson. Outro dia escutei no rádio do carro algo que corrobora com a idéia central do artigo... mudança de comportamento é o melhor método de prevenção para diversos tipos de cânceres!
Mudar hábitos alimentares... acabar com o sedentarismo... valorizar as pequenas coisas da vida... enfim, coisas que, muitas vezes, não nos damos conta da sua importância para a nossa saúde. E outras que, mesmo sabendo serem danosas, continuamos a consumir. Como os refrigerantes, principalmente aqueles à base de coca... bebidas alcóolicas, cigarros e uma gama de "venenos" que foram acabaram sendo incorporados no nosso dia-a-dia e que precisam ser expurgados para sempre. Sem contar com fatores provocados pela natureza, reagindo às ações devastadoras do homem "moderno", no caso dos câncer de pele - pela exposição ao sol intenso e constante. O uso de protetores (alguns chamam erroneamente de bloqueadores) solares é uma mudança de comportamento, para citar outro exemplo pertinente à matéria a que estamos nos referindo. Em geral as pessoas são resistentes à mudanças. Nem com exemplo dentro de casa faz com que elas deixem de consumir o que só nos faz mal. Na casa dos meus parentes, era de se esperar que o consumo de refrigerantes fosse substituído por sucos de frutas, e não está ocorrendo isso. Para mim fazem o suco, para eles a garrafa pet sobre a mesa! Incrível que o meu caso não seja levado em conta na hora de optar pela jarra de suco, é muito mais saudável. A prevenção do câncer passa por tudo isso, sem essa da pré-disposição para justificar a continuidade de práticas abusivas. Hoje, eu não faria metade do que fazia há três anos atrás! Infelizmente não podemos voltar no tempo, mas se convencer alguém a mudar já terei ganhado essa disputa.
Obrigado, a todos por insistirem comigo! Por continuarem na minha torcida e a muitos peço desculpas públicas pela falta de visitas aos seus blogs pessoais. Quero que saibam que mesmo ausente, tenho todos no meu pensamento diariamente e acompanho, da mesma forma, cada um dos casos que tomo conhecimento e torço pela solução e pela cura geral. Fiquem com Deus com no coração, em todos os momentos, mesmo naqueles que tudo parece ruir sobre as nossas cabeças! Pensar positivo é acreditar Nele!

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Nova cara!

O blog está de cara nova, pelo menos o título foi alterado, para facilitar o carregamento da página. No modo anterior, usando uma gif animada, demorava um pouco até possibilitar a navegação do usuário. Junte-se a isso o fato de que todos os dias estamos todos nós com uma cara nova, uns com mudanças radicais - perdendo barba e cabelo, outros parecem ter visto passarinho azul na madrugada e acordam felizes da vida! Muitos, enfadados, amanhecem com a cara de ressaca - dessas que denunciam que comeu e não gostou! Enfim, nada é igual ao que passou. E, muitas vezes, quando tentamos repetir aquela coisa gostosa que provamos antes ela já não tem o mesmo sabor - daí nunca devemos repetir um prato de sopa, o segundo prato desce forçado, com sabor alterado.
Tenho feito constantes modificações no blog, desde a sua primeira aparição, há exatos três anos - a primeira postagem foi publicada no dia 18 de novembro de 2008 e de para cá muitas mudanças ocorreram.
Aproveito para republicar, renovando as intenções iniciais que me estimularam a relatar a minha vida a partir de então, alguns trechos daquela postagem histórica e, para mim, bastante distante:

"O que devo postar nele?! Pensei em relatar as minhas últimas experiências... mais especificamente sobre o problema de saúde que estou vivenciando, relatando desde o seu início, conforme consta nas minhas lembranças."

"Qual o objetivo disso?! Talvez chamar a atenção das pessoas para as possibilidades reais das coisas acontecerem também conosco. Lembrando, porém, que tudo tem uma razão de ser! Não é porque aconteceu comigo que vai acontecer com você ou com outrem. Porém, estar informado é sempre bom. É como prevenir-se para evitar. Por isso resolvi socializar a minha situação atual na tentativa de diminuir o número de incidências dentre aqueles que passarem a ler e a saber do que me acontece atualmente. Não tenho intenção que não seja esta explicitada acima. Uma espécie de alerta na esperança de que ela possa servir para alguém."

Veja como foi dado o diagnóstico médico: (Com o laudo da endoscopia digestiva nas mãos, assinado por ele mesmo)

"Isso é caso de operar. Vá prá casa, diga a sua mulher que você precisa se internar na segunda-feira para ser operado na terça-feira. Indico o Dr. Fulano de Tal que opera em tal hospital, aonde dou plantão. Estarei lá na ssegunda-feira, é dia do meu plantão."

A minha reação?! Querem mesmo saber? Se eu fosse o Ratinho deixaria para vocês procurarem no blog, mas como na verdade sou um gato, vou dizer como reagi:

"Após ouvir essa "boa" notícia no final de semana, procurei chão e retornei para casa pensando seriamente no que vinha pela frente. Pela leitura do laudo da endoscopia, pelas palavras do profissional, pude perceber que o caso era na verdade muito grave."

Bom, pessoal, agora vou tomar café da manhã... sintam-se convidados e se querem mesmo saber o restante... infelizmente o único modo é lendo as primeiras postagens. São mais de quatrocentas... Fiquem com Deus!


terça-feira, 15 de novembro de 2011

A luta continua, companheiro!

"Ufa, ele está por aqui..." Escolhi iniciar esta postagem a partir de uma colocação encontrada num dos comentários da última postagem, para falar da minha gratidão às pessoas que me acompanham interessadas apenas em saber como tenho passado, como estou superando as batalhas, vencendo-as uma atrás da outra, mesmo sabendo que não venceremos a batalha final. Mas, estamos nos preparando para este confronto que aliviará a carne e a alma dos que sofrem comigo as dores impostas pelo câncer.
Não falo de dor física, estaria mentindo se reclamasse desse tipo de trauma, apesar de todos os incômodos que se apresentam no meu dia-a-dia, nada se compara a dor de saber que os nossos planos de vida precisam ser repaginados. Nada é mais como dantes! Por mais que queiramos acreditar na continuidade do nosso trabalho, na vontade de fazer as viagens de férias, algo nos limita. É como se fôssemos materialistas e daí em diante passarmos a ver as coisas com olhares mais espiritualista.
Acho que isso ocorreu comigo! Lembro de que quando o câncer iniciou o seu processo desaforado nas minhas entranhas, eu estava prestes a trocar de carro! Cheguei a liquidar o financiamento que tinha feito para que o mesmo ficasse desempedido de qualquer ônus. Com o diagnóstico nas mãos, dando conta de que o câncer havia consumido o meu estômago, eu não tive fígado para continuar com a transação da troca do carro... e cancelei a operação; não foi a cirurgia que eu cancelei, esta foi realizada para atualizar o meu sistema digestivo e poder emplacar o ano de 2009 (já estávamos vendo Papai Noel nas lojas). Naquele momento o que importava era acreditar que eu estava tendo a chance de poder trocar de vida e não de carro... Mesmo que implicasse na desaceleração de todos os demais planos (constatei que esses planos, na sua maioria, eram materialistas) - mudá-los era preciso!
Confesso que sempre encarei os desafios com a certeza de que não podem ser maiores do que nós mesmos; foi assim quando decidi há muitos anos largar o vício do cigarro (não precisei de adesivos, tratamentos, nada disso, foi apenas uma questão de decisão mesmo) e foi com esse mesmo espírito sapiente que resolvi encarar o câncer de frente, sem subterfúgios, respeitando a sua potencialidade e levando em consideração que temos algo muito forte que retarda qualquer derrocada: a nossa mente! E esta precisa estar sã para que tenhamos forças suficientes para todos os enfrentamentos da vida. Não ajuda muito fazer quimioterapia se pensarmos que vamos morrer... que estamos morrendo e que não adianta vivenciar tanto sofrimento com as reações... é um lêdo engano! A quimioterapia é um instrumento que precisamos utilizar com maestria, ela nos dar um incremento de vida, é um delta na nossa equação.
Quando decidi pela abortagem da troca, pensava e dizia a todos que não eu não faria mais a troca do carro... acho que estas minhas palavras chocavam as pessoas mais próximas a mim, era como se eu estivesse negando a vontade de viver e na verdade era um exercício de desapego à coisa material. Eu estava repetindo sempre aquelas palavras, dando-lhe novas concepções, procurando fazer-me entender e querendo tirar nota boa no meu exame da vida - não só nos exames de diagnosticoterapia! Enfim, as repetições em várias formas e momentos devem ter servido de alguma forma para o nosso processo de aprendizagem.
Hoje, mais precisamente há oito dias, tomei uma decisão que surpreendeu a todos que convivem comigo. Estava eu numa agência de automóveis, dessas de bairro mesmo, resolvendo uma questão relativa ao carro do meu irmão quando avistei, no meio do salão, um carro em bom estado de conservação, com todo o conforto que eu já estava tendo em termos de carro popular, chamando a minha atenção. Aproximei-me para checar os detalhes mais de perto, assim como fazemos sempre que vamos adquirir algo, e resolvi que era preciso quebrar a velha decisão de não mais mudar de carro. Ufa, ainda estou aqui... que mal há em poder usufruir de algo melhor aos nossos olhos? Estou vivo e quero continuar vivendo, atualizando os meus planos - mesmo sabendo das inúmeras limitações que estão me sendo impostas e que a cada novo dia elas virão com mais força e peso, nem por isso vou deixar cair a bandeira da vida, não deixarei que se apague essa chama antes da sua definitiva hora - e como não sabemos por qual relógio nos guiar, vamos acreditando que ele estará sempre atrasado.
Sei que entenderão a verdadeira motivação que me levou a uma decisão assim tão de supetão, quando estava determinado que não seria mais realizada... acredito que quebrei barreiras que só irão me ajudar.
Para mim, eterna criança, é como um brinquedo novo. Ressaltando que esta criança que vive dentro de mim é responsável o suficiente para saber valorizar até o que não tem valor agregado.
Hoje, é o sonho do novo. Amanhã é real e com ele virá mais uma sessão de quimioterapia, retardada devido à injeção que tomei para conter as diarréias e na semana passada, mais uma vez, adiada pela baixa de plaquetas... refiz os exames ontem, cujos resultados me surpreenderam bastante. Acredito que com esses novos números vai dar para fazer mais este ciclo. Será o sétimo, oitavo da segunda rodada... não sei bem, já foram tantas as vezes que acabo fazendo confusão.
Despeço-me por hoje, desejando a todos um bom feriado com muita paz, saúde e esperança. Fiquem com Deus!


quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Socorro, não sei twittar...

Socorro, não sei twuitar... nem mesm sei se esta é a conjugação correta para este tipo de colocação. Acredito que todos entenderam o que eu quis dizer, não tem mais "bestinhas" nessa vida... somos todos artistas, faltam apenas os bandidos nas nossas fitas! Ou nos DVDs?!
Descobri que essa ferramenta, da chamada rede social (twitter), não é tão simples de ser manipulada ou quem sabe estar me faltando um pouco mais de dedicação para apreender todos os seus detalhes. Pelo menos dei o primeiro passo, criei uma conta, publiquei alguns comentários (sabe Deus como), divulguei aqui no blog essa nova possibilidade de comunicação on-line e até ganhei sete, eu disse sete seguidores... me fazendo lembrar o filme A Nona Legião... logo formaremos uma coluna, para enfrentar esse inimigo poderoso que age silenciosamente (pode até provocar gritos), mas ele é silencioso e, em muitos casos, letal.
Por vezes tenho um comentário a fazer em poucas linhas e não sei chilrear... voou? não sabe o que significa chilrear? e pipilar, você sabe? Eu sei. Porém, confesso que me vali de um dicionário on-line para aportuguezar a palavra twitter, e o que eu encontrei foi:
twit.ter
n 1 gorjeio, trinado, chilro. 2 riso silencioso. 3 excitação, tremor (de nervosismo). • vt+vi 1 cantar, gorjear, chilrear, pipilar, estridular. 2 rir em surdina. 3 falar rápido e alto sobre coisas sem importância devido ao fato de estar nervoso.

Acabarei ficando nervoso se não conseguir estridular nas próximas semanas. É este o prazo que estou me dando para parecer dominante nesse assunto e acabar rindo em surdina, excitado com o tremor do meu canto que falarei alto sobre as coisas julgadas importantes. Aguardem-me, quem promete tem que cumprir. Apesar de que estou devendo a elaboração de um livro arrancado das minhas memórias e que sequer tem um título ainda.
Vamos deixar o twitter no seu lugar e aproveitarei esse início de manhã (adoro acordar cedo e o faço por opção mesmo) para dar as últimas informações do meu quadro clínico, que acabaram de ser divulgadas pela equipe médica da minha Santa Casa (não estou em nenhum hospital, nem mesmo com a saúde abalada - estou satirizando os boletins médicos quando se trata de pessoa influente no Brasil!). Pois muito bem. "Nesta quarta-feira, estarei indo para mais uma sessão de quimioterapia, na bagagem não devo esquecer de levar uma bateria de 9 volts (dessas que movem brinquedos) e nem de levar os resultados dos exames de sangue realizados no dia de ontem. De tanto repetir acabei assimilando algumas coisitas relativas às minhas atuais condições à luz dos números que se apresentam e, pela minha experiência, não creio na realização da sessão de hoje devido a prevalência da baixa imunidade. Pelo menos uma coisa boa resultou desses exames: o retorno das bilirrubinas ao ponto média da sua pontuação nesses últimos anos."
Estávamos todos temerosos e na expectativa. Mas, graças ao nosso bondoso Deus, os números aliviam a nossa ansiedade e nos impulsiona para frente, com o olhar no caminho que sempre se renova, a cada novo dia que nasce. Assim como este estar se renovando nesse momento e, particularmente, para nós nordestinos o dia se renova mais rapidamente... é que nesse momento, com poucas horas, o sol já vai alto na sua trajetória cósmica, cuspindo fogo pelas narinas e fumaça pelos ouvidos!
Vamos aguardar. Deus é quem sabe das coisas, pra nós tudo que ainda estar por vir é segredo que só se desvenda no momento certo. Tenho dito. Bom dia a tod@s! Bjs no coração.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Antenado com a realidade!

Ao postar a notícia do câncer de Lula e os meus comentários na sequência, não sabia eu que este assunto ganharia a repercussão nas redes sociais. Naturalmente que não partiu deste blog as discursões sobre o tema, mas sinto como se tivesse sido um dos primeiros a perceber a disparidade entre os doentes ilustres e o resto da população (como querem que sejamos chamados por esses ilustres). Bem lembro o nosso amigo em um dos seus comentários sobre o assunto: "o câncer é uma doença democrática..." TODOS nós estamos suscetíves a ela.
Lula em um dos seus comentários, no início desta semana, afirmou que "achava que nunca aconteceria com ele" - assim como nós que estamos em tratamento oncológico também não acreditava. Porém, existe uma grande diferença entre "nós" e o ex-presidete Lula. Ele ocupou o maior cargo público do nosso país, participou de inúmeras reuniões em campos internacionais, circulou entre reis e rainhas, batizou e foi batizado - até foi diplomado doutor por universidades de renome. Enfim, um grande estadista com todo o mérito pessoal que soube demonstrar tão bem. Infelizmente, deixou muito a desejar em diversos setores sociais - o foco maior foi para a garantia de bolsas, sacolas, na tentativa de parecer protetor dos pobres e oprimidos. Até criou o 13º para a bolsa família! Pasmem, um benefício que deveria ter o caráter passageiro, ganhou o status de "salário", com correção e tudo mais. O mesmo não ocorreu com a maioria das categorias de servidores públicos. Voltando ao foco principal, o setor saúde é a vitrine de qualquer governo, principalmente, nos países emergentes quando todos os segmentos estão em processo de evolução e é nesse sentido que todas as críticas são válidas. Ninguém está querendo a morte de ninguém, o que queremos de verdade é a garantia de que todos nós tenhamos acesso aos serviços de ponta - na saúde são chamados de "procedimentos de alto custo".
Quando pagamos os impostos não estar dito que teremos acesso a este ou aquele serviço público! Em particular, no setor saúde, não estar dito que ficaremos à margem da tecnologia e nem que acessaremios apenas às sobras ou conveniências dos favorecedores de plantão. Não, a nossa Carta Magna estabelece o nosso direito de acessar de forma universal e de forma igualitária a TODOS os serviços de saúde pública, a ser garantidos pelo Sistema Único de Saúde - SUS, o plano de saúde de milhões de brasileiros.
Tenho dito em várias ocasiões que as falhas do SUS decorrem do gerenciamento de determinados gestores, combinadas com as inúmeras dificuldades de ordem financeira e orçamentária. De nada adianta a boa vontade, sem os recursos necessários suficientes para o financiamento dos projetos. Uma coisa precisa ser dita, o SUS tem recursos para bancar despesas de ordem administrativa - aquelas que possibilitam o funcionamento das unidades de saúde, hospitais, etc. Todavia, faltam recursos para qualificar o atendimento. Como podemos ter uma rede de prestadores de serviços de saúde com qualidade pagando valores, muitas vezes, irrisórios pelos procedimentos (mesmo considerando o seu grande volume)? A tabela de procedimentos adotada pelo SUS desmotiva qualquer entidade a proceder de forma saudável convênios ou credenciamentos, sem falar que é uma porta aberta à manobras fraudulentas em busca da compensação. Ademais, a mistura de dois segmentos - público e privado - nem sempre resulta num bom negócio. Cada um tem os seus interesses, o primeiro visa resultados sociais e o segundo, visa o lucro para o seu empreendimento. Muitas vezes, o que vemos nessa mistura é o privado prevalecendo sobre o público e aí pagamos todos nós.
A televisão tem mostrado diversos profissionais de saúde na qualidade de servidor público, trabalhando em unidades privadas, no mesmo horário! Quem perde com isso? O povo que fica nas filas a espera das sobras, a espera desse profissional descompromissado com quem ele acha que paga menos (público) - mas não tem coragem de largar o osso!
São essas algumas das dificuldades que fazem do SUS esse monstro que, na verdade, não é! O monstro está no modo de agir dessas pessoas e na forma de organização do sistema - a essência do SUS é magnifíca e modificou de verdade a realidade encontrada na década de 80 (quando somente os empregados tinham acesso aos serviços do extinto INAMPS - órgão no qual iniciei a minha carreira de servidor público). Os demais, tinham duas opções: pagar pelo serviço particular ou serem taxados de indigentes e entrar nas filas de espera.
Sou testemunha desse processo transformador que acabou sendo incorporado pela constituição atual. São mais de 20 anos de muita luta. De um lado alguns batalhadores crentes nas mudanças e de outro os poderosos grupos da rede privada que silenciam a maioria dos congressistas, com os lobistas de plantão nada avança nesse país.
De nada adianta adquirir equipamentos de ponta se continuar a pagar salários de fome aos seus operadores, fatalmente esses operadores serão sugestionados a promover serviço com qualidade duvidosa aos usuários do SUS.
Isso e outras coisas mais, o Sr. Lula tomou conhecimento, assim como a Sr.a Dilma também sabe, e por que não corrigem essas distorções? O que levam essas pessoas a desconsiderar que doenças não escolhem data, sexo, cor, raça, religião...? Tá na hora, Dona Dilma de tomar para si a responsabilidade de elevar o grau de satisfação dos usuários do SUS. Como fazer? Nem precisa de muita inteligência para lhe responder... aliás, é tão óbvio que não direi mais nada! Fique com Deus, nós simples mortais e vocês ex-presidentes, presidenta, senadores, deputados federais, governadores, deputados estaduais, prefeitos, vereadores... eita... parece mais um trem. É uma zorra total!