segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Vermelho e Verde

Vermelho e verde pode parecer que são as cores de algum time de futebol ou de alguma escola de samba e que estaremos ressaltando os seus feitos. Não é isso, apesar de que o país anoiteceu ontem vestido de vermelho e preto - as cores da maior torcida de futebol, segundo eles alegam e, acredito, tem muita gente vestida com essas cores no dia de hoje.

Na verdade as cores em apreço estarão em evidência, de hoje ao dia 18 de dezembro, na cidade de Copenhague, Dinamarca, onde ocorre a 15ª Conferência sobre o Clima da ONU. São mais de 190 países ali representados para discutirem sobre meio ambiente mundial. O vermelho representa a continuidade do aquecimento do planeta e o verde representa a defesa pela ecologia. A primeira é a aceleração do processo de decadência do planeta Terra e a segunda é a manutenção da vida. Isso porque está comprovado que as atividades econômicas desenvolvidas unicamente pelo homem é responsável pelas evidentes mudanças climáticas registradas no planeta e que estão pondo a humanidade em risco de extermínio em pouco tempo.

Fazendo um paralelo, podemos observar que muitas dessas atividades são verdadeiros cânceres que estão consumindo a Terra - nãdá mais para identificar onde está a origem de câncer, mas certamente podemos identificar as metástases por todo lado. A medida que as florestas estão sendo destruídas - células malignas derrubando as árvores - fenômenos naturais destruidores de forma inéditas estão ocorrendo nas diversas regiões ou estão sendo repetidas de forma mais agressivas que nos anos anteriores, numa prova inconteste de que algo está errado.

No meu tempo escolar sabíamos da existência de tonardos e tufões, ficávamos imaginando como seriam esses fenômenos da natureza - não ocorrem no Brasil, diziam os professores. Não ocorriam, hoje estes fenômenos estão se repetindo a partir da região sul do país e a cada ano com maior poder de destruição, deixando um rastro de dor e desolação para os sobreviventes. Aprendemos que na região norte do nosso país está concentrada a maior floresta e maior bacia hidrográfica do mundo - e novamente a nossa imaginação nos levava a ver imagens de abundância total: muita água e muitas árvores! Eu tive a graça de percorrer, no final de 1975, uma trilha no interior do alto Amazonas, mais precisamente na cidade de Cucui-AM que faz fronteira geográfica com a Colômbia e a Venezuela, navegamos pelo Rio Negro para chegar àquela cidade. Resgatei essa experiência para dizer o quão ficou gravado aquele momento, respirar ar puro,
ouvir o som da mata e sentir o cheiro daquela terra... e saber que está ameaçada, consumida que está pelo câncer que a destrói aos poucos. Temos assistido pela mídia que a seca naquea região tem se repetido pela falta das chuvas, os rios da bacia amazônica estão secando e os seus leitos aparecem rachados, da mesma forma que costumamos ver na região nordeste e que foi vista no sul e sudeste em anos anteriores. Isso tudo em decorrência da ação indiscriminada do homem empreendedor, do homem plantador, do homem criador de gado - faltou o adjetivo que representa a grandeza, a ganância e a avareza da maioria dessas pessoas que estão promovendo a destruição da natureza em busca da expansão dos seus negócios de produção.

Diariamente estão sendo queimados milhares de quilômetros quadrados de mata virgem para ceder lugar a pastos ou plantio de grãos como a soja e outros igualmente rentáveis. Falta o exercício de uma política pública séria e realmente compromissada com o meio ambiente, que garanta a nossa sobrevivência de forma menos impactante e invasiva. Diversos cientistas espalhados pelo mundo estão tentando descobrir o que causa o câncer no ser humano e lutam para descobrir uma forma de conter esta doença maligna, que consome as células boas do corpo levando a pessoa a falência vital.

O câncer da Terra, ao contrário da doença dos homens, tem a sua causa conhecida e todos sabem a forma de conter todas as suas metástases. Daí a razão da existência de grupos de pessoas que vestem a cor verde, os ambientalistas e seus adeptos, em oposição àquelas que refletem o vermelho, seja pela atividade direta que promove a destruição ou pela sua omissão de ações que amenizem os efeitos colaterais dessas atividades. Aqui não vale a premissa de que "o essencial é invisível aos olhos" - o essencial aqui é promover e executar ações voltadas para barrar o extermínio da natureza, antes que seja tarde demais. Ampliar o poder da fiscalizaçâo na defesa das matas da amazônia, aumentando o número do contingente humano empenhado nessa empreitada heróica (pelas condições atuais de trabalho), legislar de forma mais isenta para evitar o protecionismo dos políticos/empresários pelas leis que estão elaborando, promover campanhas educativas com maior amplitude visando modificar posturas individuais das pessoas urbanizadas, enfim são inúmeras as formas de iniciar o tratamento antes de vermos o planeta sendo engolido por si mesmo, tragado pelos estragos dessa destuição diária.

Voltaremos a este tema. Fiquem com Deus.

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