segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Olhando para trás

Hoje às vésperas de mais uma virada no calendário aproveito para olhar para trás. Muitas foram as experiências, os momentos vividos ao longo dessas cinco décadas. É pena que os momentos vividos durante a infância ficaram mais escuros na minha mente, só consigo lembrar do meu sexto aniversário - festejado dentro de um quartel na cidade do Rio de Janeiro. Depois fiquei sabendo a razão de ter estado ali naquele ano, naturalmente o motivo estava ligado ao trabalho do meu pai. Foi um ano de dificuldades, mas não tive nenhuma percepção do que estava se passando de verdade. Lembro também da viagem de avião, regressando a minha terra natal, Teresina-PI. Eu era uma criança.
Depois, ainda criança, porém um pouco mais crescida foi a vez de me afastar dos meus avós maternos e paternos para vir morar aqui em João Pessoa-PB. Eu tinha nove anos de idade. Tudo era novidade, a cidade nova, casa nova, escola nova e amigos novos. Deste tempo ainda conservo a amizade com os membros de duas famílias recheiadas de filhos, o que resulta num grande número de amigos de infância. Estudávamos na mesma escola e morávamos na mesma rua. Nossos pais trabalhavam no mesmo local. Crescemos juntos, hoje somos os pais de família! Aqui e acolá sabemos notícias de um e de outro.
Veio a adolescência e com ela as férias passaram a ter sabor, afinal passamos a ter consciência do que são estes momentos de recesso escolar. Com as férias vieram as viagens para visitar os meus avós que continuaram morando no Piauí. Posso dizer que dentre os meus irmãos eu fui mais contemplados mais vezes com estas viagens. Na maioria das vezes ia e voltava sozinho, eu topava tudo para repetir. Ia para o aeroporto em busca de voar nos aviões da FAB, o que quase sempre dava certo. Uma ou outra vez falhou, lembro de ter ajudado a colocar a mala de uma passageira no interior do pequeno avião que acabou ocupando o meu lugar... e eu retornando para casa frustrado por não ter embarcado. Lembro de ter embarcado em Teresina voltando para casa, só com a roupa do corpo e quando o avião iniciou o procedimento de decolagem, já taxiando na pista, retornou para pegar a minha mala que acabara de ser levada para o aeroporto pelos meus primos! Na verdade, acho que foi a minha primeira tomada de decisão na vida: embarcar sem mala e garantir a viagem ou ficar esperando a mala arriscando perder o voo?! Resolvi embarcar, com o pensamento lógico: estava voltando para casa! Tudo ficaria resolvido. É a certeza de que na casa dos nossos pais encontramos, muitas vezes, o porto seguro.
Lembro também da vez que retornando de ônibus, estrada no barro, muita lama, atoleiros, carros quebrados ao longo da estrada, inclusive o nosso ônibus... uma viagem que fugiu do controle em questão de tempo e que deixou muita gente preocupada (não tinha muitos meios de comunicação).
Bom, olhando para trás até esse momento, posso dizer que daria tudo para poder repetir todos aqueles momentos... na impossibilidade, revivo cada um deles na minha mente saudosa!
O mesmo posso dizer do período pós-adolescência, quando bati asas para longe dos meus pais em busca da realização profissional... o que acabou sendo retardado e retornei para casa, após quase três anos ausente estudando na cidade de Campinas-SP. Também repetiria aqueles momentos, só não sei se daria um desfecho diferente do que foi dado na verdade. É uma coisa que não saberei nunca a resposta. Ms não me arrependo da decisão de sair daquela escola. O regresso para casa permitiu ver as coisas de ângulo diferente e naturalmente a vida foi retomada de forma natural e como tal vieram novas pessoas para perto de mim. Eu já era mais um jovem aborrecente, apesar de fazer muita gente ficar com raiva das minhas brincadeiras... Os interesses passaram a ser outros, a relação social ficava mais refinada. Frequentava festas, participava de comemorações de final de ano, tinha apito para perturbar as pessoas nos bailes de revellion... Conheci o amor! Estava crescido e não olhava para trás com intensidade. A vida era ali, naquele momento e vivê-la era o que importava. E ainda bem que foi assim.
Discorrer sobre tudo que vivenciei daria certamente um livro, então resumirei afirmando que de nada me arrependo, por ter feito ou deixado de fazer. E o saldo resulta em felicidade. Posso dizer que apesar de tudo que estou passando atualmente, me considero uma pessoa de sorte! Sou feliz.
Encerro este post, como sempre, com um desejo: Fiquem com Deus!

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