quinta-feira, 20 de novembro de 2008

O Pós-operatório

A cirurgia foi realizada no dia 19 de setembro, por volta das 11 horas da manhã, era sexta-feira. Fiquei na UTI até o domingo, por volta do meio dia, quando fui encaminhado para um apartamento. Durante a semana que se seguiu foi uma rotina danada. A todo instante, várias vezes ao dia, uma enfermeira verificava a minha a pressão, temperatura e fazia o teste de glicose, furaram todos os meus dedos das minhas duas mãos - inclusive de madrugada. Cheguei ao ponto de indicar o dedo de Jack, minha esposa, para ser furado! Outras vezes eu escondia as mãos por debaixo dos lençóis...

Uma equipe de enfermagem fabulosa aquela, todas muito atenciosas. Não se esquivavam de nenhum dos nossos pedidos. Sentia carinho nos procedimentos que faziam. Muito importante para a elevar a confiança no hospital. Agradeço a todas, sem excessão.

Retirada a sonda do nariz, fiquei plugado por uma das veias próximo ao pescoço para receber soro e a medicação diária, além do dreno na barriga. O meu primeiro banho, no apartamento, foi sentado numa cadeira, quase morrendo sufocado quando a água fria escorria pela minha cabeça. Jack estava ao meu lado, me auxiliando, me dando sustentação. Aquela mangueira do soro presa ao pescoço, tinha seu curativo renovado juntamente com o curativo da cirurgia e do dreno. Tudo feito com todo cuidado pela enfermagem.

A minha alimentação era toda aquela, soro e medicamentos durante cinco dias corridos, não engolia nada, nem líquido. Portanto, só precisava urinar. Não produzia nada para que o intestino deletasse. E nas horas de urinar, tinha a ajuda de Jack que trazia o famoso papagaio (urinol para homens) por baixo dos lençóis, literalmente, eu caprichava e às vezes quase enchia o danado. Devolvido o recepiente, lá vinha Jack com as mãos encharcadas de água e sabão para fazer a assepsia das minhas mãos... dava duas viagens ao banheiro, a última com água para retirar o excesso do sabão e enxugá-las com papel toalha. Achava aquilo muito belo, um ato de amor e de carinho, além de simples zelo.

Após o quinto dia, fui avisado que entraria numa dieta líquida. A princípio fiquei animado, passaria a usar a minha boca para alimentar-me novamente. O que veio foi um copo descartável, 100 ml, com um suco ralo de verdura - foi explicado que seria apenas a água da fervura das verduras. Orientaram-me a não beber de uma vez, apenas de gole em gole até o organismo ir se adaptando a maiores quantitades. E sempre usando canudinho. Horrível o sabor, ou melhor, sem sabor algum, triste mesmo! Passaram a alternar com chás e sucos. A cada três horas vinha um copo desses para eu tomar... chegava a ponto de acumular, por ter sido rejeitado por mim. Eu queria experimentar algo sólido... não era preciso ser uma picanha ou mesmo uma feijoada, mas que fosse algo de sustância! Já tinha a certeza de que doravante esses pratos estão fora da minha dieta... Foi assim durante toda a semana, até o dia da minha alta, que ocorreu também numa sexta-feira, o que soma oito dias sem nada no estômago, até ali.

Com a minha alta recebi da nutricionista todas as orientações de como seria a minha dieta, que continuaria líquida até a visita médica no consultório quando eu seria avaliado. Prescreveu duas fontes energéticas, líquidas para ser tomada três vezes ao dia, alternando com sucos e o caldo dos legumes, só caldo da fervura. Os energéticos, segundo ela, eram fontes de proteína pura. Pense no sabor desagradável, mesmo misturado com sorvete e batido no liquidificador. Fui perdendo peso, naturalmente. Não conseguia ingerir muito bem aquelas coisas, e era só o que eu podia!

Aguardava ansioso pela primeira visita ao consultório médico, afinal esperava sair de lá liberado para comer alguma coisa... tá já comendo meus dedos de tanta vontade de comer algo consistente! A visita ocorreu no décimo dia após a cirurgia, quando então foi liberada uma dieta pastosa. O caldo passou a ser de verduras liquidificadas, portanto, de melhor sabor. Chás e bastante suco também foi recomendado.

O intestino precisava voltar a funcionar. Mas ele precisava de insumos, o que ele poderia expelir além de gases. Nada. O pior estava por vir... quando passou a receber os insumos desejados, a primeira peça... chamada, popularmente, de número 2... produzida saiu rasgando tudo! Parecia um parto! Foi assim durante a semana inteira... e sempre aos pares! Ir ao sanitário passara a ser um ato de muita coragem. Descobri, pelo próprio instinto, que era devido a um dos medicamentos que eu estava tomando... talvez, eu tenha sido inspirado nas cores idênticas - do remédio e do produto manufaturado pelo instestino. Comprovado na consulta médica seguinte que mandou suspender o seu uso. Mesmo assim, aqueles momentos (sentado no vaso sanitário) de puro heroísmo ainda perdurou por mais alguns dias. A sensação era bastante insuportável e perdurava ao longo do dia. Imaginei que havia rompido algum vaso anal. E a visita ao protoctologista foi inevitável.

Amanhã eu conto como foi essa visita!

Um comentário:

Anônimo disse...

Força meu amigo, com fé em Deus você estará logo m boa forma, e de retorno ao trabalho...