quarta-feira, 18 de abril de 2012

Experiência num campo de concentração

Por: CÍNTHIA GALIZA*

Viktor Emil Frankl (1905 – 1997), escritor e psiquiatra austríaco, considerado o fundador da escola da Logoterapia, que significa explorar o sentido de vida do indivíduo perpassando sua dimensão espiritual da existência humana, em outras palavras, seria o estudo na busca pelo sentido. Frankl vivenciou uma experiência de grande humilhação e perda do sentido de sua vida, em um dado momento de sua existência.

No período da II Guerra Mundial ele e sua família foram deportados para diferentes campos de concentração nazistas Auschwtiz (um pouco mais a frente ele foi transferido para um campo filiar em Dachau, na Baviera), tendo ele recebido a tatuagem de prisioneiro nº 119.104, ficou enclausurado no sul da Polônia, símbolo do Holocausto provocado pelo poderio de Adolf Hitler, local em que se encontravam três campos de concentração principais e trinta e nove campos de concetração auxiliares para execução de seres humanos. Ficou preso dentro deste campo de concentração, por alguns anos, sendo libertado no final da Guerra.

Mesmo com sérios motivos para se entregar a morte, ou mesmo para desenvolver transtornos mentais graves, após perder grande parte de seus familiares no próprio campo de concentração: sua esposa, seus pais, irmão, amigos, exceto uma única irmã. Ele passou a todo instante a se perguntar como e o porquê havia sobrevivido e o que fazer depois dessa experiência, uma vez que foi lhe dada uma nova oportunidade de recomeçar uma nova vida. Sem sombra de dúvida, sua experiência, serviu para desenvolver novas formas de tentar entender os processos da psique humana. Ele acreditava que o existir é inerente ao ser humano. Quando a pessoa está desprovida desse existir vem-se o vazio existencial. O homem, busca através de sua dimensão espiritual, encontrar sentido em cada situação da vida e busca por dar-lhe uma resposta adequada. Experiências do campo religioso e espiritual foram em muitos momentos vivenciadas por Frankl, apesar de ter sentido “fome, humilhação, medo e profunda raiva das injustiças”; ele conseguiu visualizar a emissão de comportamentos bons de companheiros dentro do campo de concentração.

Frankl, se diferencia dos outros estudiosos da época, e mostra de maneira clara e firme o não pessimismo e sua expressão religiosa, mesmo depois de ter enfrentado experiências trágicas, ele se coloca na vida como aquele que “assume uma visão surpreendentemente positiva da capacidade humana de transceder sua situação difícil e descobrir uma adequada verdade orientadora”, palavras dele.

Vivenciar a cada instante a sensação de morte iminente, e sobreviver com sanidade mental, é realmente transcender todos os escritos que a história da psicotapatologia nos aborda e transcreve. A explicação que pode ser dada pode-se dizer que vem de uma outra verdade mental, a qual nem todos tiveram ou terão a oportunidade de sentir, vivenciar ou mesmo transceder. Esta ligação com algo superior, que estava presente para além do corpo esquelético coberto apenas com uma pele frágil, seca e cheia de piolhos pode ser mais forte que seu destino exterior. Segundo ele mesmo; tal experiência vivida jamais será esquecida.
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*Psicóloga, Pós graduada em Psicologia Cognitiva Comportamental, Estratégia Saúde da Família, Gestão do Cuidado em Saúde, Mestre em Ciências das Religiões e Doutoranda em Educação pela UFPB. Conselheira Vice-Presidente do CRP 13, Coordenadora Estratégica do Centro Formador de Recursos Humanos do Estado da Paraíba.

Este texto formidável, e dentro do meu atual contexto, foi enviado pela minha grande amiga Cínthia, como presente pela passagem do Dia do Amigo comemorado na data de hoje. A quem agradeço pela sinceridade da sua amizade e pela contribuição ao Blog. Na sua apresentação, Cínthia esqueceu de informar que atualmente está curtindo os primeiros momentos da sua primogênita, portanto, possuidora da maior das titularidades da mulher: ser MÃE! Parabéns Maria Luíza pela sua chegada. Beijão a tod@s os meu amigos! Fiquem com Deus!

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