terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Agrotóxicos

Uma matéria veiculada no JN nesta data parece ter descoberta a roda! Para falar do que já sabemos foi iniciada uma série de reportagens que vão ao ar durante toda esta semana: agrotóxico nas hortaliças que consumimos. A mídia sempre querendo apresentar o vilão da história, ressaltou ser o pimentão o campeão com maior nível de impregnação, já batatinha tem a "ficha limpa" - diferentemente de muitos políticos que continuam contaminando o congresso e outras casas legislativas, estes daqui pra frente podem até chamados de "cara de pimentão" (cara de pau não surte mais efeito).
Podemos até brincar com o assunto em tela, mas na hora da verdade, na hora que o bicho pega ninguém quer saber de brincadeiras. Olha que falo por experiência própria e passo a relatar o episódio da minha vida que pensei que não ia mais sair do trono.
Foi há mais de 10 anos, na época em que eu militava no movimento sindical. Pois bem, o sindicato realizou um congresso estadual e concentrou cerca de 130 delegados nas dependências de um convento numa vizinha cidade de Campina Grande (vamos preservar o nome), distante cerca de 140 km de João Pessoa. Saimos da sede do sindicato na metade da tarde, embarcados em dois ônibus, outro viria do sertão do estado e chegamos ao destino no início da noite. Ao chegarmos encontramos uma enorme panela transbordando de sopa - o cheiro guiou o motorista metade da viagem - à disposição de todos. Não deu outra, caimos de boca aberta mesmo sobre aquela apetitosa sopa de carnes com legumes. Particularmente não gosto muito de legumes, mas era a única alternativa visto que estávamos sitiados longe do centro da cidade e sem transporte para deslocamento. A fome deu a ordem e compartilhei igualmente da sopa com a grande maioria dos participantes daquele encontro - quem dela não comeu escapou!
Saciados e ávidos pela noite interiorana, buscamos o caminho da serra e seguimos para um barzinho. Cerveja, tira-gostos variados até que veio a bendita azeitona. Pouco antes da meia-noite senti o meu estômago embrulhar algo diferente e a porta do banheiro foi cruzada quase de forma abrupta... eita alívio encontrar uma cabine vazia numa hora dessas!!!
O retorno para o convento foi uma eternidade, parecia que a serra estava no céu tamanha a distância que faltava percorrer até encontrar o porto seguro. Em lá chegando, passada a primeira hora da madrugada, percebi que a melhor acomodação parecia ser bem próximo ao banheiro, apesar do grande movimento de pessoas que não tinha conseguido dormir ainda. Em resumo, foi uma noite de rei e de rainha para os congressistas. Parecia praga do governo, jogada contra os trabalhadores!
Na manhã seguinte, o plenário inteiro movimentava-se constantemente - nunca as cadeiras estavam completas (apesar de terem sido contadas), nem mesmo os dirigentes da mesa permaneciam lá por muito tempo. O bronzeado das pessoas mudou para o amarelo-esverdeado... Não demorou muito para que a rádio-corredor divulgasse o que todos já sabiam: algo estava errado! E a dedução não demorou a chegar ao concluirmos que a sopa da noite anterior "ofendeu" e abalou toda a estrutura do encontro. Muita água, chás e até sessão de do-in foram sendo incorporados às palestras. O ronco da ambulância quebrou o silêncio dos inocentes, foi preciso soro de verdade para conter a infecção intestinal de alguns... os mais resistentes na luta, diziam uns aos outros: A luta continua, companheiro!   E eu acrescentava: Vejo você no banheiro, companheiro!
O que pareceu ser uma reação do sistema governamental contra a política de reivindicação da categoria, foi reconhecido que houve uma falha na cozinha do convento. As hortaliças usadas na sopa havia sido colhidas naquele mesmo dia e não passaram por processo de descontaminação dos agrotóxicos utilizados no seu cultivo pelos beatos responsáveis pelo plantio.
Hoje, diante da matéria veiculada no JN, tudo veio a minha mente, no momento eu pensava que tinha escapado daquele trauma, mas a ferida continua aberta. Foram três dias de agonia. A luta acabou, mudamos o governo, mas as coisas não mudaram... de nada valeu passar por tudo aquilo... de nada valeu o sacrifício de tantas horas defendendo teses trabalhistas... tudo continua como se fosse a primeira diarréia! E querem culpar o pimentão pela zorra do Brasil, claro que aliviaram a batatinha... afinal ela é inglesa, não?!
Só Deus para nos livrar dos elementos tóxicos da vida é a Ele que devemos nos apegar sempre! Amém!

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