segunda-feira, 18 de julho de 2011

Médicos ameaçam suspender atendimento

Depois da paralisação ocorrida no dia 07 de abril, por ocasião da passagem do Dia Mundial da Saúde, os médicos paulistas anunciam suspender o atendimento aos assistidos pelos planos de saúde. Aquele protesto teve abrangência nacional e teve um tempo de 24 horas, desta feita, pelo que sabemos este novo movimento ficará restrito ao estado de São Paulo, porém, como o agravante de ser por tempo indeterminado e obdecerá uma tabela dividida por especialidades, a começar pela ginecologia e obstetrícia, já a partir de 1º de setembro próximo. Por enquanto nem todos os planos de saúde terão seus assistidos sem assistência médica, foram anunciados apenas seis operadoras.
O meu plano de saúde não está entre os seis, mas nem por isso posso que estou tranquilo. É lamentável que continuem existindo este tipo de movimento no nosso país, demonstrando que as relações comerciais entre as partes ainda estão deixando a desejar. Falta entendimento mútuo.
Sou sindicalista e fui atuante ao longo de muitos anos, mesmo nunca tendo exercido qualquer cargo em diretoria sempre defendi os interesses da categoria ao qual pertenço, sem radicalismo e entendendo o momento de avançar ou de recuar, a depender da conjuntura. Também estive do outro lado da vidraça, justamente na gerência administração do plano de saúde ao que estou assistido e enfrentamos a disputa dos dois lados: o prestador querendo reajuste nas tabelas de procedimentos e os assistidos, por sua vez, exigindo atendimento com qualidade. Marquei presença também no Conselho Estadual de Representantes e tive várias intervenções nos encontros nacionais chamados para discutir melhorias no atendimento e outros assuntos relacionados com a manutenção dos nossos direitos. Para mais desses encontros que ocorrerá na metade de agosto já estou preparando a minha participação direta - estarei lá, com a graça de Deus.
Pois bem, voltei ao passado para comprovar que temos um pouco de conhecimento da causa para tratar do assunto em tela. Não tiro as razões de nenhuma categoria quando busca os seus direitos. Entretanto, o setor saúde tem as suas peculiaridades que requer que o bom senso prevaleça para evitar qualquer dano maior a saúde das pessoas que dependem da garantia do atendimento médico de forma ampla. Não podemos dizer para uma mulher não parir naquele período no qual vai perdurar o movimento ou que ela não apresente nenhuma alteração no seu estado clínico.
Sabemos que há distorções na remuneração dos procedimentos médicos, basta ver o número de consultas médicas que são realizadas por ano pelos 160 mil médicos; são mais de 223 milhões de consultas... fora os procedimentos que derivam desses atendimentos, como exames para diagnosticoterapia, dentre eles os de baixa e de alta complexidade. Isso representa uma média de mais de 1.300 consultas/médico/ano. É um osso que ninguém quer deixar de roer. Os médicos dependem da remuneração advinda dos atendimentos aos assistidos pelos planos de saúde, é uma receita líquida e certa com a qual podem contar (claro que com alguns cuidados) para honrar despesas com investimento - ou será que o brasileiro, usuário de um plano de saúde, pode dispor facilmente do valor cobrado por uma consulta particular? Pode pagar por todos os exames que lhe são solicitados? Sei que o profissional médico não tem culpa da situação social do povo com quem se relaciona, mas tem que ser chamado o feito à ordem antes da instalação do caos.
Se a remuneração paga pelas operadoras de saúde não atendem aos seus anseios, estes devem solicitar o seu desligamento de forma paulatina. É um direito que lhe assiste e o direito do usuário, o nosso direito, é ter a assistência médica pela qual desembolsa religiosamente a mensalidade que é cobrada, é uma questão de respeito e obsservância a nossa cidadania.
Vamos em frente e ver até onde isso vai chegar, torcendo para que haja um entendimento antes de começar tal movimento. Que Deus ilumine a todos! Amém!

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