quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O SUS e o acesso aos serviços de oncologia

Ontem mais uma vez a doença do nosso vice-presidente da República, José de Alencar, foi motivo de matéria jornalística em cadeia nacional de televisão. Todos nós estamos acompanhando a sua luta, com demonstrações de bravura, fé em Deus e esperança na cura. É um cidadão de mais de setenta anos de idade e um grande vencedor de batalhas que já perduram por mais de 15 anos!
Notamos pelas suas imagens e palavras proferidas tratar-se de pessoa generosa e iluminada pelo nosso Deus comum. Tem posses financeiras, além de ocupar um dos mais importantes cargos públicos do país - o que lhe concede prestígio e poder! Além, claro, de garantir-lhe acesso aos melhores serviços de saúde do país e do mundo, seja pela posse que tem ou pelos privilégios que o cargo lhe dar. O certo é que está tendo acesso, cuidado e até está fazendo um tratamento inovador que, certamente, está beneficiando a medicina como um todo na análise dos resultados que estão sendo obtidos na sua pessoa. Uma espécie de cobaia humana, nos testes de drogas e de procedimentos até então incomuns no tratamento de pessoas portadoras de câncer.
Outra personalidade ilustre no cenário nacional, quiçá até além das fronteiras do Brasil, é a ministra Dilma, nem sei se ainda mora na Casa Civil. Mas, também faz parte do elenco de pessoas que estão sendo submetidas a tratamento de quimioterapia. Como eles, tem eu e milhões de outros brasileiros em situações de saúde semelhantes, pelo menos no aspecto da identificação da doença, especificadas no Código Internacional de Doenças - CID diferenciados pela sua terminação numérica, respeitadas também a gravidade de cada um. Afinal, cada caso é um caso, como é dito pelo nosso médico.
Cada caso é um caso, certo. E o acesso aos serviços de saúde parece ocorrer nesta mesma linha de raciocínio, ou seja, dependendo de quem está a precisar, temos notícias claras de acessos diferenciados. Para o grupo de pessoas no poder chega-nos imagens, portanto são fatos, de traslados em aviões da cidade do Poder para a capital do "maior" estado do País; altas de hospital de São Paulo diretamente para aeroporto com destino a cidade do exterior!
Infelizmente, ou felizmente, a mídia não tem relatado as inúmeras dificuldades das pessoas "comuns" que diariamente travam lutas severas para ter direito a uma consulta ou a realização de um exame mais sofisticado que uma simples radiografia... essas pessoas estão nas portas dos hospitais filantrópicos, a depender do SUS (que é o maior plano de saúde da américa latina), muitas delas não terão o devido atendimento e o resultado é a morte antecipada.
Hoje eu sei que a vida de uma pessoa portadora de CA fica dividada em dois períodos, o primeiro vai até a data do diagnóstico médico da doença e o segundo, naturalmente, pós diagnóstico. O segundo período é marcado pelas idas aos serviços de saúde (públicos ou privados), pelas internações hospilares, dores outras sensações complexas. É como termos que matar um leão a cada dia para continuar vivendo, em busca de uma sobrevida mais prolongada.
O importante é não perder a esperança em dias melhores, é saber que podemos contar com o apoio das pessoas que nos amam, que nos querem bem e até de pessoas que nem conhecemos pessoalmente, mas que nos mandam mensagens de solidariedade por meio daqueles que convivem conosco. Tem sido assim comigo! E estou sempre agradecido por tudo isso. Agradeço a Deus pela oportunidade de poder está realizando um tratamento digno, personalizado. Sei que não é essa a realidade para outras milhões de pessoas, daí o meu clamor a pessoas como José de Alencar, Dilma Roouseff e a tantas outras com poderes de decisão para que facilitem mais o acesso de todas as pessoas às tecnologias de pontas, como tomografia computadorizada, exames como o PET SCAN ou PET CT, garantindo a todos o direito de usar os recursos do SUS (oriundos da somatória de impostos e taxas cobrados ao povo pelo Governo). Nada mais é que o repasse do que já pagamos, o governo não tem como se recusar é um direito nosso previsto na Constituição. Não podemos esquecer que este acesso faz parte da política pública de saúde regida pelo Sr. Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, a quem cabe, se do seu interesse, promover a inclusão desses procedimentos no rol do SUS.
Não podemos assistir calados a continuidade dessa distorção de acessibilidade aos serviços e aos melhores meios de tratamento dessa doença que mata de forma ainda mais silenciosa! O nosso grito e o nosso clamor tem que ser rumo a garantia do nosso direito a tratamentos mais amenos e mais eficazes no combate ao câncer.

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